Minha vida e meus amores

No inicio eu era tempestade
Raio chuva e trovoada
E chovia tanto,
Quando você apareceu eu nem soube o que fazer
Era como coceira,
Eu dissipava mas não parava de chover
E não parou

Depois eu me tornei poça,
Suja e pestilenta
E você veio morar em mim, um sapo
Eu transbordei em veneno
A toxina em meu sangue, você em mim
Puro Orgasmo
Mas então você foi embora

Não acreditando que pudesse putrefar ainda mais
Me tornei chorume
Brilhei com esplendor, mais toxico do que nunca
Aprendi a contaminar sem adoecer
Te usei, te rasguei
Acabei me purificando em você
Me dissolvi em mistério

Agora eu era apenas um sussurro
As vozes trocadas pelos amantes
As dedicatórias de amor
Amor na mente
Tão sabia e tão inteligente
Elaborada como cristal, como anel, joia reluzente
Mas arrogante, eu e você
A arrogância virou tedio,
O tedio, distancia
O sussurro, surdez
E da surdez, partida

Parti-me
Em pedacinhos
E os consumi como pílulas
Deliciei cada partícula
Até não sobrar nada de mim
E você não ter mais espetáculo para assistir
E ir embora após aplaudir

Recolhido em meu camarim
Inventei um novo corpo para mim
Nos pilares da amizade que recebi
Mas recebi também desejo
Mas desejo eu não queria
Não sabendo que era uma era soldada a outra
Acabei desmoronando em minha rejeição

Me esborracho
Viro poltrona de automóvel
E o carro vira nosso pequeno universo
E tudo que precisava caber ali era eu e você
Mas como eu nunca paro de crescer,
Acabei ficando só comigo mesmo

Até ter te encontrado mais uma vez
Acidente fatal
Você me feriu e tratou de mim
Pobre de mim que não sabia
Que continuava a me ferir
Para me manter cativo do seu amor
Precisei me curar sozinho

E acho que virei chuva de novo

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