Ela só quer viajar daqui pra qualquer lugar, parte 1

Chovia forte quando o telefone de Lia tocou naquela noite. Ela pensou em não
atender, já havia discutido com Pedro horas antes e não queria continuar com
isso. ‘É inútil, ele não entende’ pensou ela, já cansada dessa rotina de brigas
seguidas de brigas todos os dias. Mas, atendeu.
- Amor?
- Oi, Pedro.
- Olha, eu queria me desculpar, não gosto de brigar com você, tem sido difícil
mas vamos ficar bem, por favor…
- Você sabe o que fazer para ficarmos bem, né?
- Ah Lia, de novo isso?
- Qual é o problema nisso? São minhas amigas de infância e eu não tô indo
embora pra sempre ou fugindo, é uma simples viagem pra praia. DE 5 DIAS.
Eu vou voltar, eu hein.
- Como se não tivesse praia aqui… Você não vai.
- Vou sim.
- Lia…
- Pedro, eu vou. E tem mais: cansei de você agindo assim, como se fosse meu
dono, como se eu fosse um prêmio. Sem falar que você não se esforça nem
um pouco pra mudar, em nada. Diferente de mim que mudei e mudo só por sua
causa. Cansei.
- Cansou? Como assim? Amor, o que você tá dizendo?
- Estou dizendo pra você pensar nessa viagem como um tempo, você pensa e
eu também. Em alguns dias eu volto e aí a gente conversa de novo. Mas sem
contato nesses dias, nada de telefonemas, whatsapp ou sms. OK?
- Ok nada, não quero tempo nenhum.
- Eu quero, respeita isso.
- Tá bom. Um tempo de poucos dias, que seja.
- Agora preciso desligar.
- Tudo bem Lia. Amo você.
- …
- Lia?
- Oi, tô aqui.
- Não vai dizer nada?
- Boa noite, se cuida.
Lia viajou dois dias depois da conversa, foi com Duda e Laura para a casa da
avó da Duda, que ficava em Guarapari. Uns dias na praia era tudo que Lia
precisava para se desconectar do namoro conturbado e pensar se levaria isso
adiante. Pedro mandou mensagens, mas ela não respondia, seria ruim e
poderia interferir na sua decisão. Bom, como toda melhor amiga faria, no caso,
melhores amigas, Laura e Duda chamaram Lia para um passeio na orla da
praia durante a noite, mudar os ares seria bom. Lia, distraída com seus
pensamentos, esbarrou num carinha sentado no calçadão e caiu. Bem em cima
do moço!
- Nossa, não te vi! Desculpa!
- Desculpa eu, onde já se viu amarrar tênis no meio da calçada, né?
- Verdade…
- Deixa eu te ajudar a levantar. A propósito, meu nome é Caio.
- E eu caí em cima do Caio… Nossa, péssima essa. Enfim, prazer. Lia.
Sempre rola uma dessas, relaxa. Quer dizer, não que meninas caiam em
cima de mim com frequência, mas…
- Ok, ok. Entendi. Minhas amigas estão ali, preciso ir.
- Ah, tudo bem. Mas antes, por favor, preciso do seu telefone pra quando eu
resolver abaixar e amarrar o tênis. Aí eu te aviso e você não precisa cair de
novo.
- Espertinho, né? Mas anota aí…
(Continua)

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