Adelaide #1
5 horas da manhã, os pés tocam o chão frio de madeira, o corpo se ergue e repete o ritual de todos os dias. Toma banho, a água gélida tocando sua pele rígida, tocando cada linha e cada ruga de seu corpo. Se enxuga, veste-se, coloca o uniforme na bolsa e penteia os cachos, já cheios de fios brancos, frente ao espelhinho de moldura laranja. Acende o fogão e, enquanto espera a água para o café ferver, arruma sua cama e corta um pedaço de pão para acompanhar.
Tranca a porta de casa e desce a ladeira, ainda está escuro, sua casa é a unica na encosta, as luzes dos navios no porto e os postes nas alamedas logo abaixo são as únicas a iluminar o seu caminho, os ventos gelados bagunçam seu cabelo e chicoteiam seu rosto.
_ Bom dia Dona Adê! _ Ouve em coro dos rapazes que se apresentam para o trabalho no porto, alguns saudando-na atrasados.
_ Bom dia meus filhos, mais um dia abençoado para dar duro _ Saúda Adelaide, quando percebe que seu ônibus está passando e acelera o passo para alcança-lo no ponto.
_ Essa sexta tem, não tem, Dona Adê? _ Grita Carlos.
_ Mas é claro, eu não perco por nada! _ Responde sorrindo, na mesma altura a pergunta do rapaz.
Sem conseguir alcançar o ônibus, mas o motorista, já conhecido de Dona Adelaide, espera que ela embarque.
Ela o agradece e consegue o último assento no coletivo, senta e sente um calor no peito em ter os meninos do porto como companhia.
Uma pena que o pensamento também atrai um outro, porém infeliz, a solidão causada pela morte de seu único filho, vítima de bala perdida.
Dona Adelaide tenta se distrair e não pensar no assunto, engole a onda fria que a tentava derrubar, puxando assunto com a passageira ao lado comentando a sorte que teve em pegar o último lugar, emendando outros assuntos, até que a memória do filho voltasse para seu cantinho guardada.
........
continua
Tranca a porta de casa e desce a ladeira, ainda está escuro, sua casa é a unica na encosta, as luzes dos navios no porto e os postes nas alamedas logo abaixo são as únicas a iluminar o seu caminho, os ventos gelados bagunçam seu cabelo e chicoteiam seu rosto.
_ Bom dia Dona Adê! _ Ouve em coro dos rapazes que se apresentam para o trabalho no porto, alguns saudando-na atrasados.
_ Bom dia meus filhos, mais um dia abençoado para dar duro _ Saúda Adelaide, quando percebe que seu ônibus está passando e acelera o passo para alcança-lo no ponto.
_ Essa sexta tem, não tem, Dona Adê? _ Grita Carlos.
_ Mas é claro, eu não perco por nada! _ Responde sorrindo, na mesma altura a pergunta do rapaz.
Sem conseguir alcançar o ônibus, mas o motorista, já conhecido de Dona Adelaide, espera que ela embarque.
Ela o agradece e consegue o último assento no coletivo, senta e sente um calor no peito em ter os meninos do porto como companhia.
Uma pena que o pensamento também atrai um outro, porém infeliz, a solidão causada pela morte de seu único filho, vítima de bala perdida.
Dona Adelaide tenta se distrair e não pensar no assunto, engole a onda fria que a tentava derrubar, puxando assunto com a passageira ao lado comentando a sorte que teve em pegar o último lugar, emendando outros assuntos, até que a memória do filho voltasse para seu cantinho guardada.
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JÚPITER
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