Quem sou eu?
Eu tive um sonho. Nele tinha um garoto, sentado numa cadeira de balanço com um gato preto no colo. Era um sonho meio estranho. Ambos, garoto e gato, viviam num chalé de madeira aconchegante num lugar bem gelado. Nevava do lado de fora, e uma fumaça saía da chaminé. Havia um piano no canto, disso eu me lembro; mas, no momento em que eu estava lá, tudo estava silencioso. Quer dizer, acho que eu não estava lá de verdade. Não entendo essas coisas direito.
Enfim, o que me chamou a atenção é que aquele garoto estava feliz sozinho. Para ele, o gato era companhia suficiente. Ele não precisava de mais ninguém para se sentir completo. Solitário. E isso foi o que me impediu de dormir pelo resto da noite. De fato, eu queria ser esse garoto. Mas não sou.
Eu vivo dizendo que odeio pessoas, que odeio me relacionar com os outros, mas descobri que isso é mentira. O que eu odeio de verdade é precisar das pessoas. Quando penso demais nisso, acabo me perdendo. E sempre chego numa conclusão: eu mais não sou do que sou. Sério. Pode soar contraditório, mas é algo evidente.
Acho que sou um fantasma. Gosto de fantasmas. Eles são solitários e tristes, presos em sua própria forma, e fadados a vagar eternamente vazios. Afinal, são apenas memórias, leves vestígios de algo que existiu e que, por alguma razão, não existe mais. Então, talvez, eu tenha sido algo. Ou talvez eu ainda serei. Será que é possível ser um fantasma de algo que ainda está por vir?
Uma coisa que eu sei sobre mim é que eu vivo sonhando. Esse sonho que eu narrei aí em cima não é o primeiro, nem de longe. Mas, um fato curioso é que, diferente das outras pessoas, eu sonho mais acordado do que dormindo. Outra coisa contraditória. Um dia me perguntaram: "Já brincou de faz-de-conta?". Eu respondi: "Sim, todos os dias da minha vida." Sonhador. Gosto de imaginar histórias, criar pessoas, construir vidas. Vivo mais meus personagens do que eu mesmo. Isso me faz pensar: "Ah, então devo ser um escritor". Porém, não é bem assim. Ás vezes tropeço nas palavras, e me esqueço delas também. Costumo ser tão perfeccionista que odeio tudo que escrevo: acho inúmeros defeitos, acho clichê, idiota e "por que alguém leria isso?". Mas, paciência. Não posso guardar minhas ideias na minha mente pra sempre, ou então ela pode explodir. Confesso que seria uma cena engraçada.
Talvez eu esteja sendo introspectivo demais, e confuso também. Minha escrita deve estar te enjoando, sou muito prolixo… é algo que tento mudar em mim, mas não consigo. Parece que preciso me expressar com o maior número de palavras e linhas possível; porém, sempre acho meus textos irritantemente curtos e superficiais.
Falei, falei, e nada disse. Qual era a pergunta mesmo? Quem sou eu. Sei lá, às vezes acho que sou solitário. Outras vezes, acho que sou apenas sonhador. Ei, talvez eu seja os dois.
Sothis.
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