Darilia
É noite, tão noite que até os gatos já encerraram sua sinfonia e o cricrilar os substituiu na sinfonia antemanhã.
Darília está em um dos milhares de apartamentos, escuros como tumbas abertas ao luar. Ela revira-se, esfrega as pernas e os braços nos lençóis, tenta desesperadamente dormir, e falha. Não deveria estar acordada, afinal todos dormem.
De olhos fechados como que dissimulando estar dormindo, uma pergunta a visita: A quem assinara eu divida tão sórdida? Percebe que tem vergonha de estar acordada, mas está sozinha, não há nenhuma entidade a vigiar seu sono afim de cobrá-la pelo cumprimento do contrato. Ou será que haveria? E imagina algum tipo de monstro peludo e dotado de um artefato contador de horas para registrar o sono de uma pequena mortal.
Qualquer que fosse o diabo que a vigiasse, deveria estar satisfeito com seu marido. Seu corpo inerte de quase cem quilos servia muito bem ao lado da cama.
Seus olhos doiam com o cansaço, o barulho do ventilador rodando era como o arranhar de giz em quadro branco, os grilos lá fora completavam sua tortura. Queria acordar João de propósito para ele acompanha-la nessa jornada noturna, apenas pelo incomodo de ele conseguir dormir tão bem e ela não.
Levanta, vai ao banheiro e contempla a imagem que reflete no espelho. Um olhar de desgosto, desanimo e raiva. Lava a imagem, para tentar produzir outra melhor, sem muitos resultados.
Vai para a sala, liga a televisão, a luz a atinge como uma facada, desliga-a rapidamente. Os olhos vagam pelo pequeno apartamento em busca de distração, mas nada lhe chama a atenção.
Pega uma maçã na cozinha, vai para a varanda, um cubículo gradeado onde cabiam apenas o varal portátil e uma cadeira. Senta-se na cadeira e por fim ouve a sinfonia que estava implorando para que lhe desse atenção: carros, grilos, um latido de cachorro aqui e ali.
De repente um barulho se destaca entre os outros e a jovem percebe que estava quase adormecendo na cadeira. Um carro chegando ao prédio em que mora, três garotos desembarcam rindo e falando alto. Darilia logo pensa que estão vindo de alguma festa. Esses três garotos estavam participando da musica que embalava o sono de muitos ali naquelas tumbas, e ela também participava, mesmo que de forma passiva. Aquele entendimento preencheu-a de forma que a fez sentir-se junto dos garotos, rindo e brincando, a fez sentir junto dos grilos, cantando; e também junto de seu marido, a quem foi fazer companhia.
Darilia deitou e logo sentiu o sono chegar, mas antes disso saudou com um boa noite a Morfeu.
De olhos fechados como que dissimulando estar dormindo, uma pergunta a visita: A quem assinara eu divida tão sórdida? Percebe que tem vergonha de estar acordada, mas está sozinha, não há nenhuma entidade a vigiar seu sono afim de cobrá-la pelo cumprimento do contrato. Ou será que haveria? E imagina algum tipo de monstro peludo e dotado de um artefato contador de horas para registrar o sono de uma pequena mortal.
Qualquer que fosse o diabo que a vigiasse, deveria estar satisfeito com seu marido. Seu corpo inerte de quase cem quilos servia muito bem ao lado da cama.
Seus olhos doiam com o cansaço, o barulho do ventilador rodando era como o arranhar de giz em quadro branco, os grilos lá fora completavam sua tortura. Queria acordar João de propósito para ele acompanha-la nessa jornada noturna, apenas pelo incomodo de ele conseguir dormir tão bem e ela não.
Levanta, vai ao banheiro e contempla a imagem que reflete no espelho. Um olhar de desgosto, desanimo e raiva. Lava a imagem, para tentar produzir outra melhor, sem muitos resultados.
Vai para a sala, liga a televisão, a luz a atinge como uma facada, desliga-a rapidamente. Os olhos vagam pelo pequeno apartamento em busca de distração, mas nada lhe chama a atenção.
Pega uma maçã na cozinha, vai para a varanda, um cubículo gradeado onde cabiam apenas o varal portátil e uma cadeira. Senta-se na cadeira e por fim ouve a sinfonia que estava implorando para que lhe desse atenção: carros, grilos, um latido de cachorro aqui e ali.
De repente um barulho se destaca entre os outros e a jovem percebe que estava quase adormecendo na cadeira. Um carro chegando ao prédio em que mora, três garotos desembarcam rindo e falando alto. Darilia logo pensa que estão vindo de alguma festa. Esses três garotos estavam participando da musica que embalava o sono de muitos ali naquelas tumbas, e ela também participava, mesmo que de forma passiva. Aquele entendimento preencheu-a de forma que a fez sentir-se junto dos garotos, rindo e brincando, a fez sentir junto dos grilos, cantando; e também junto de seu marido, a quem foi fazer companhia.
Darilia deitou e logo sentiu o sono chegar, mas antes disso saudou com um boa noite a Morfeu.
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