Encontro

Apenas do alto conseguimos perceber todos os fatores que nos influenciam e como realmente estamos sendo, o pathos grego. Mas como alcançamos esse distanciamento? Ou melhor, porque idealizamos esse afastamento?
Depois de certo tempo, olhamos para trás e o passado se reconstrói perante nossos olhos com outros tijolos, tudo que o foi parece esvanescer numa fumaça de cores e se construir novamente a cada minuto que passa, e nos convencemos que a cada vez que revisitamos nosso passado mais sabemos sobre ele, e a experiência vai se perdendo em nossas releituras.
Todo o ardor, o impulso, vai sendo suplantado pelo veneno da analise racional, e é dai que surge o arrependimento, quando não conseguimos mais lembrar do sabor adocicado que foi a tomada daquela decisão dizemos que foi a maior ingenuidade tê-la cometido, porque agora ela não é nada mais que um registro cinza em nossos olhos.
Crucificamos amores, remoemos traições, nos colocamos no palco do maior espetáculo da Terra: o drama de nossas vidas. Esse é o ônus da lembrança, que vai se acumular até nos tornarmos velhos cheios de ressentimentos.
Por que você está lendo esse texto agora? Porque fez o que fez ontem à noite? Será que tem realmente explicação para todo movimento do seu corpo? Mesmo no presente? Será que és mesmo Senhor de sua própria casa?
Voltando-se para si e conhecendo melhor esse corpo que habita nos ajudará a decifrar o enigma por trás dos olhos que te encaram no espelho e na rua, pois você vê no outro aquilo que você consegue reconhecer.
Mas amanhã o enigma será outro.
Será melhor um encontro a cada dia.


Às 5, poderíamos?

Comentários

Postagens mais visitadas