Incondicional

Vivenciamos em nossa sociedade, o crescimento vertical do pensamento científico e seu entranhamento com nosso pensamento popular, fazendo com que busquemos cada dia mais explicar o mundo pelos olhos da ciência.
   Essa busca por explicarmos toda a existência chegou a um muro, muitos diriam, intransponível. A Metafísica, o Mistério, tudo que sempre encaramos como subjetivo agora precisa ser tornado claro para contemplarmos sua beleza.
  O mistério nos irrita, buscamos a verdade. Mas o que é fato e padrão em coisas tão mutáveis como nossos sentimentos? Como e porque desejamos tanto dizer o que é o Amor, o que é o Medo, a Amizade, a Angústia?

  

   Procuramos definir esses sentimentos de modo a evitar a confusão, e com isso a incerteza. Ah! Como temos medo da incerteza hoje em dia, tudo tem que ser exato e objetivo.

   Um sentimento como o amor, então, merecerá teses e mais teses de mestrado até que encontremos sua fórmula. Pois o que até outro tempo teríamos a liberdade de sentir essa atração e, talvez, necessidade do outro, agora precisa ser comprovada para que não nos enganemos, vai que é outra coisa? O medo dominou nossa vontade de amar.

  Ressurge nesse momento a figura do Amor Incondicional, que é sentido não importa como,independente do objeto do nosso sentimento. Sim, pois após termos lutado tanto para assegurar nossa identidade, algo que nos diga que precisemos nos adequar ao outro é banida de nosso pensamento, inadmissível. 

  Cogitar alterar o comportamento de alguém, sua 'alma', se tornou atitude tão intima que vamos tendo medo de assumi-la. Então criamos uma cultura de preguiça da mudança, não estamos dispostos a mudar por ninguém, por quê?

  

 Nosso Hedonismo está tão intenso, sacralizamos tanto nossos corpos e comportamentos, colocando-nos em primeiro lugar, que nada nem ninguém é nobre o bastante o bastante para mudar isso. Preferimos estarmos sozinhos a ter que mudar por alguém. Exemplo claro da superindividualização e declínio daquele antigo conceito sobre se sacrificar por quem se ama, dar a vida. Minha vida é importante demais para eu doá-la a qualquer pessoa.

  O que eu gostaria que pensassem é que, o Amor Próprio é essencial e deve estar sempre entre nossas prioridades, mas não esqueça do quanto és humano e passível de erros, do mesmo modo que preferiria que algumas pessoas fossem mais razoáveis com você, você também pode ser mais razoável as vezes.

  Não é definindo que o amor é aceitação, ou sacrifício, ou transformação que iremos chegar a uma resposta. Cada ser é único e sente de uma forma diferente. A palavra AMOR  só foi criada para representar essa coisa que faz com que queiramos alguém bem, questões como ciumes também são intrínsecas a cada indivíduo.

  Não perca seu tempo tentando definir o amor nem sentimento algum, apenas admire o quão infinito e belo é a capacidade humana de se relacionar entre si e com o mundo.

                                                                                                                        JÚPITER